sábado, 7 de janeiro de 2012

MORRE ANILDA LEÃO

Foto: Divulgação.

É com muito pesar que nós da ATA comunicamos o falecimento da nossa Presidente de Honra, feminista, atriz, poetisa, escritora, cantora e grande mulher ANILDA LEÃO. Nossa manhã de sábado amanheceu mais triste e com ar de saudosismo. 

Anilda Leão, 88 anos, faleceu na noite desta sexta-feira (6), em Maceió. Ela estava internada no Hospital Arthur Ramos, no bairro da Gruta de Lourdes, desde novembro de 2011, depois de ter fraturado o fêmur em uma queda.

Segundo a família, o corpo de Anilda está sendo velado no Parque das Flores, mas sem velas. Segundo seu filho Carlos Alberto Moliterno, ela não gostava. O sepultamento será na manhã deste domingo (8), às 10h.

Acervo da família.
Trajetória - Nasceu em 15 de julho de 1923, em Maceió, AL. Filha de Joaquim de Barros Leão e de Jorgina Neves Leão. Aos treze anos de idade publicou seu primeiro poema, cuja temática era criança abandonada. Foi colaboradora das Revistas Caetés e Mocidade, assim como do Jornal de Alagoas e Gazeta de Alagoas.
Formou-se em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio de Alagoas. Seu sonho era ser médica, porém seu pai não permitiu. Em sua primeira apresentação pública como cantora, por volta de 1950, em evento organizado pela Federação Alagoana pelo Progresso Feminino, identificou-se/encantou-se com a proposta da instituição integrando-se ao grupo. Em junho de 1963 participou do Congresso Mundial de Mulheres, em Moscou, representando a Federação Alagoana pelo Progresso Feminino. No ano de 1990 torna-se presidenta da instituição. 
Casou-se em 1953, aos 30 anos de idade, com o arquiteto, escritor, poeta, Carlos Moliterno. Tiveram dois filhos; viveram juntos por 45 anos. Incentivada a escrever por seu companheiro, em 1961 publicou o livro de poemas Chão de Pedras. No ano de 1970 atuou no filme Lampião e Maria Bonita e Órfãos da Terra. Trabalhou no Departamento de Cultura do Estado de Alagoas e na década de 1980, na Secretaria Estadual de Cultura. Em 1973 conquistou o Prêmio Graciliano Ramos da Academia Alagoana de Letras com a coletânia de contos Riacho seco, período em que começa a investir em sua carreira de atriz.   Na década de 1980 atuou no filme Memórias do cárcere e no ano de 2002 atuou no filme Deus é brasileiro. No teatro foi integrante da Associação Teatral das Alagoas (ATA) no qual foi e é a presidente de Honra, atuou nas peças: Bossa nordeste e Onde canta o sabiá. Produtiva e agitada, desempenhava vários papéis ao mesmo tempo, sem contudo abandonar a poesia, os contos, crônicas e a elaboração de artigos para jornais.

Acervo ATA ( 2009). 
Anilda Leão com sócios da ATA e integrantes da 
Federação Alagoana  Pelo Progresso Feminino.
 É autora dos livros "Chão de Pedras" (1961), poesia; "Chuvas de Verão" (1974), poesia; "Poemas marcados" (1978), poesia; "Riacho Seco" (1980), contos; "Círculo Mágico" (1993); "Olhos Convexos" (1989), crônicas e "Eu em Trânsito" (2003), biografia.
Recebeu a Comenda Mário Guimarães (pela Câmara Municipal de Maceió); a Comenda Nise da Silveira (pelo Governo do Estado de Alagoas); a Comenda Graciliano Ramos (pela Câmara Municipal de Maceió); a Comenda da Ordem do Mérito dos Palmares (pelo governo do Estado); e a Comenda Teotônio Vilela, pela Fundação Teotônio Vilela. Também recebeu o Diploma do Mérito Cultural, da União Brasileira dos Escritores.

Segundo o blog JAPRESS do artista e cineasta Joaquim Alves, Anilda vinha sofrendo este últimos dias por causa de inúmeras infecções hospitalares como pode ser lido no o artigo abaixo:

"Depois de ser torturada (física e psicológicamente) e perseguida pela ditadura militar brasileira, que a considerada uma perigosa "comunista", a escritora, poetisa, atriz, cantora lírica, imortal da AAL, e após uma pausa que parecia lhe trazer certa tranquilidade, agora voltou a sofrer torturas físicas como paciente do Hospital Arthur Ramos, onde foi operada e por três vezes (antes e depois da cirurgia) sofreu grave infecção hospitalar (a tortura!), continua interna na UTI daquela casa.

Caso não tivessem ocorrido  as infecções hospitalares, ela já estaria em casa, em france recuperação. Infelizmente, a fiscalização quanto a falta de higiene e contágios nos hospitais públicos e particulares em Alagoas continua uma coisa séria e necessitando de urgentes providências".





SONETO DA MENINA QUE JÁ FUI
(Anilda Leão) 

Do meu ventre eu recolho exatidões,
E coloco nas curvas dos meus seios
O frêmito do tempo adolescente;
Assim me faço para te receber.
Abro os meus braços, te aconchego ao corpo
Ainda quente ao recordar de outrora.
E solto as franjas e os meus cabelos
Da criança que fui e sou agora
Por ti me fiz e sou criança ainda,
Para esquecer aquela que ficou
Largada nos caminhos de outra vida.
E assim me dou da meninice vindo,
De ti fazendo o meu amor primeiro,
Esquecida dos tempos já vividos.





  

Cibelle Araújo 
Assessoria de Comunicação ATA
MTE /AL 1095
Com a colaboração de: Balaio de Fatos, mulher500.org.br e clickveja.com.br.




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