sábado, 15 de maio de 2010

ATA celebra o dia alagoano do Teatro!


 Por: Cibelle Araújo com informações da Ascom/ Diteal

Ontem (14) foi uma noite memorável. Às 19h30, o Teatro de Arena abriu suas portas para celebrar o Dia Alagoano do Teatro e o aniversário da eterna Dama do Teatro Alagoano e fundadora da ATA, Linda Mascarenhas, que estaria completando 115 anos se estivesse viva.

Com uma plateia repleta de amantes da arte teatral e sócios da ATA  foi encenada a tragicomédia "As Desgraças de Uma Criança", de Martins Pena, sob a cuidadosa direção de Marco Antônio. O elenco, formado pela nova geração de atores da ATA dá continuidade aos sonhos de Linda: "o de se fazer teatro o quanto antes e depressa".

No ano em que o grupo comemora 55 anos de existência a montagem celebra o início de um novo ciclo e abre as comemorações da ATA. Até o final do ano o povo das Alagoas ainda verá muitas encenações sendo levadas aos palcos dos teatros e ruas de nossa capital. 

Parafraseando Ronaldo de Andrade, há vitalidade na ATA, há energia capaz de produzir a sinergia necessária para o divertimento. Mas, acima de tudo, há uma lição de amor ao teatro, como metáfora do amor aos da terra onde se faz este teatro. E viva o teatro de Alagoas e viva a Linda Mascarenhas.

 A História:
Uma família carioca de meados do século XIX. O Sacristão Manuel Igreja é apaixonado por Ritinha desde que ajudou o padre a celebrar o casamento dela. Além de bela é filha de um rico militar reformado (Senhor Abel).

Ritinha enviúva e o caminho abre-se para as investidas do sacristão, que aliado ao seu interesse por status o de colocar as mãos no dinheiro do futuro sogro. Seu Abel, naturalmente, não concorda com a união, e faz de tudo para que ela não se consuma.

Lulu é o bebê recém-nascido de Ritinha, que é cuidado pela ama Madalena, por quem Senhor Abel morre de amores. Madalena, entretanto, é amante de Pacífico, soldado da cavalaria.

Madalena está entediada e convence seu namorado Pacífico a tomar conta do bebê, enquanto ela dá uma espiada na Missa do Galo. Na tentativa desesperada de fazer o bebê parar de chorar, o soldado acaba se vestindo com as roupas de Madalena e é confundido pelo velho Abel, para aumentar as confusões pelas quais passam a criança, nas mãos destas personagens.

Ficha técnica:
Texto:  de Martins Pena
Adaptação e encenação: Marco antônio de Campos
Assistente de direção: Carmem Freire
Elenco: Abel (Petrúcio Trindade), Madalena (Lindianne Heliomarie); Manuel Igreja (Bruno Omena); Pacífico (Cícero Rosa); Ritinha (Monique Dantas)
Cenário e figurino: Marco Antonio, Marluce Costa e Arnaldo Ferjú
Costura: Marluce Costa
Customização, adereços, design e execução de luz: Arnaldo Ferjú
Textura sonora: Abel dos Anjos
Preparação Corporal: Antonio Henrique
Contra-regragem: Rejane Lins e André Lins
Produção Executiva: Daniela Benny


Temporada: 22 a 28 de maio de 2010
Local: Espaço Cultural Linda Mascarenhas
Hora: 20h
Valor: RS 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (estudante)
Classificação: Livre
Contato:  8803 2158
ataalagoas@hotmail.com
www.izp.com.br

Temporada!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os infortúnios de uma criança

Martins Pena retorna a Alagoas


por Ronaldo de Andrade

É curioso observar que a obra de Martins Pena (1815-1848), tenha se tornado peça histórica, parcamente visitada pelo movimento de teatro nacional, da segunda metade do Sec. XX, e quase nunca lembrada neste início de Séc. XXI. Em se tratando de produção distinguida com alta reputação artística e de autor reconhecido pela exemplaridade produtiva, torna-se indiscutível a opção pela montagem de qualquer uma das suas peças. A uma atitude artística como esta, é descabida a aplicação do termo “resgate”; pois se a obra de Martins Pena foi exilada dos palcos nacionais os seus temas continuam presentes na vida brasileira em toda sua pujança de teatralidade.

O público de teatro, em Alagoas, já teve a oportunidade de ver Martins Pena por duas vezes. A primeira há 45 anos. E esta aconteceu por iniciativa da Profª. Bárbara Heliodora, através do Serviço Nacional de Teatro - SNT, na oportunidade das comemorações, em todo território nacional, dos 150 anos do nascimento do comediógrafo. Então, Martins Pena foi recebido em Maceió com um programa solene. A festa ímpar aconteceu com a reabertura do Teatro Deodoro, após seis meses fechado para serviços de manutenção, na administração de Braulio Leite Júnior, sob o governo do Major Luis Cavalcante (1913-2002), e contou com discursos de intelectuais dos portes do Pe. Humberto Cavalcanti (1927-2005) e do Acadêmico de Direito Luiz Guttemberg Lima e Silva, além das estréias de duas de suas comédias: O terrível Capitão do Mato, montada pelo grupo de teatro Os Dionysos e O irmão das almas, montada pela ATA. A segunda vez, foi há 10 anos. Ela se deu com a comédia Quem casa quer casa, em uma situação das mais emocionantes, porque no histórico Teatro Sala Preta, para o bem do talento dos estudantes de teatro, do memorável Curso de Formação do Ator, da Universidade Federal de Alagoas -UFAL, e da prática docente do ator, dramaturgo, diretor e sócio da ATA, Homero Cavalcante. Portanto a ATA, o grupo de Linda Mascarenhas (1895-1991), teve o privilégio de recepcionar Martins Pena, aqui em Maceió, nas duas ocasiões surgidas.

A montagem da comédia As desgraças de uma criança, de Martins Pena, pela ATA, neste 2010, possui o significado de retorno do “fundador da comédia de costumes” brasileira, “aos cenários alagoanos”. E ele, Martins Pena, se aventura nesta viagem que inicia em Maceió, motivado pela oportunidade de anunciar as celebrações dos 55 anos de fundação da ATA. Uma ATA, como ele, romanticamente sequiosa de Brasil, mas pela via alagoana, e também identificada com o caráter cômico e espirituoso nacional, isto é, uma ATA pronta para recepcionar a este que foi aclamado o “Molière Brasileiro”, por João Caetano (1808-1863), e apontado como o “Aristófanes Brasileiro”, por Sábato Magaldi.

Há vitalidade na obra de Martins Pena; há energia capaz de produzir a sinergia necessária para o divertimento, na comédia As desgraças de uma criança. Mas, acima de tudo, há uma lição de amor ao teatro, como metáfora do amor aos da terra onde se faz este teatro.